O carcinoma papilífero de mama ocorre em 0,5% dos casos. É mais comum em mulheres após a menopausa e pode aparecer em homens. Surge no ducto mamário principal e pode ser invasivo ou in situ (pré-cancerígeno). O quadro clínico costuma ser de saída de sangue pela papila ou imagem de cisto complexo. O tratamento e as chances de cura são semelhantes aos demais carcinomas (invasivos ou in situ).
O carcinoma papilífero se desenvolve no ducto principal, a partir de papilomas mamários e seguindo esta morfologia. O quadro geralmente se inicia por lesão dentro de um ducto ou por cisto com conteúdo sólido. Enquanto a lesão permanece no interior do ducto ou dentro do cisto é considerada pré-cancerígena (in situ). Já quando rompe o ducto passa a ser invasiva. A imunoistoquímica para avaliar proteínas relacionadas ao rompimento do ducto muitas vezes é fundamental para descartar invasão. Os marcadores avaliados são o p63, miosina e a calponina.
Como detectar o carcinoma papilífero de mama?
A apresentação clínica geralmente consiste na secreção de sangue que sai da papila mamária. Outra forma comum de apresentação são as lesões sólidas dentro de ductos mamários ou dentro de cistos. Algumas vezes o diagnóstico ocorre através de nódulo palpável, que se revela como cisto complexo ao ultrassom de mamas. A mamografia tem pouca capacidade de identificar as lesões dentro de ductos ou saber a consistência das lesões nodulares ou císticas. A ressonância magnética de mamas aparenta ser promissora, mas existem poucos estudos sobre este exame nestes casos.
O diagnóstico normalmente é obtido através de biópsias por agulha, de modo a confirmar a presença do tumor e planejar melhor o tratamento. A análise do líquido do fluxo papilar ou do líquido dos cistos tem pouca utilidade. Sempre se recomenda a biópsia com agulha grossa da área sólida da lesão.
Como tratar o carcinoma papilífero de mama?
A cirurgia do carcinoma papilífero de mama consiste na retirada de todo o tumor, com margens livres. Nos casos com lesão pequena (ou com boa proporção entre o tumor e a mama) a cirurgia preferencial é a quadrantectomia (cirurgia conservadora da mama). Afinal, este tratamento tem a mesma eficiência da mastectomia, porém menor dano físico e psicológico.
A mastectomia deve ser reservada para lesões extensas ou múltiplas (tumor multicêntrico). Em algumas situações de tumor grande, pode ser feito uso de medicações para diminuir o câncer e permitir a cirurgia conservadora de mama. Nos casos que a mastectomia é obrigatória, muitas vezes é possível preservar a pele e a papila mamária (mamilo), facilitando a reconstrução da mama.
Além da cirurgia mamária, nos casos de carcinoma papilífero invasivo, é necessária a avaliação dos linfonodos (gânglios) da axila. Normalmente, apenas a biópsia do linfonodo sentinela (primeiro linfonodo a receber a drenagem da mama) é suficiente. Porém, alguns casos necessitam de retirada de todos os linfonodos da axila (linfadenectomia ou esvaziamento axilar). Nos casos de carcinoma papilífero intracístico não há necessidade de abordar os linfonodos.
A reconstrução mamária após a mastectomia pode ser realizada na maioria dos casos, sem prejuízo a cura. A maior parte das reconstruções é feita com expansores de tecido ou próteses de silicone. Algumas pacientes precisam de transposição de pele de outros locais do corpo, geralmente abdome ou região dorsal.
O conceito de tratamento complementar após a cirurgia (ou adjuvante) com quimioterapia, bloqueadores hormonais e radioterapia nem sempre é claro para as pacientes. Afinal, para que terapias tóxicas se todo o tumor foi retirado na cirurgia? Na verdade, além do tumor que é visto na mama, podem existir outros focos microscópicos que podem permanecer mesmo após a cirurgia. Também existem células tumorais circulando no organismo. A radioterapia e o tratamento medicamentoso (quimioterapia, bloqueio hormonal ou terapia anti-Her-2) ajudam a eliminar estes focos e melhoram o controle da doença e as chances de cura.
A radioterapia é feita após todos os casos de quadrantectomia e raramente após a mastectomia. O bloqueio hormonal (ou hormonioterapia) é feito sempre que o tumor expressa receptores hormonais de estrógeno ou progesterona. Já a terapia anti-Her-2 é usada nas lesões com invasão na maioria dos casos com expressão desta proteína.
Nos casos invasivos, o tratamento com quimioterapia tem indicações semelhantes ao carcinoma invasivo de tipo não especial. Em geral é reservado aos tumores maiores e mais agressivos.
As pessoas com carcinoma papilífero de mama que recebem tratamento adequado têm sobrevida semelhante (ou pouco superior) às mulheres com carcinoma invasivo de tipo não especial (> 95%).
- Dr. Guilherme Novita > São Paulo/SP – CRM-SP: 97.408
- Dr. Eduardo Millen > Rio de Janeiro/RJ – CRM-RJ: 5263960-5
- Dr. Felipe Zerwes > Porto Alegre/RS – CRM-RS: 19.262
- Dr. Francisco Pimentel Cavalcante > Fortaleza/CE – CRM-CE: 7.765
- Dr. Hélio Rubens de Oliveira Filho > Curitiba/PR – CRM-PR: 20.748
- Dr. João Henrique Penna Reis > Belo Horizonte/MG – CRM-MG: 24.791