Essa arma terapêutica tem sido utilizada com grande eficácia no tratamento do câncer de pulmão e no melanoma. O carcinoma de mama é uma doença heterogênea com vários subtipos diferentes classificados conforme a presença ou não de receptores hormonais e da oncoproteina HER-2. O subtipo triplo negativo se caracteriza pela ausência da expressão tanto de receptores hormonais quanto de HER-2, sendo também o mais estudado quanto a utilização da imunoterapia. O carcinoma triplo negativo está associado a uma maior agressividade e, portanto, um pior prognóstico quando comparado aos demais subtipos do câncer de mama.
O sistema imunológico, além da função de defesa contra infecções, exerce um constante monitoramento no reconhecimento e na eliminação de células tumorais. Estas células se caracterizam por alterações genéticas que modificam a sua forma e sua função, tornando-se assim, um possível alvo para a ação do sistema imunológico.
As alterações genéticas das células do câncer, as capacitam para a produção de substâncias que dificultam o seu reconhecimento pelo sistema imunológico, esquivando-se, assim, de serem eliminadas por ação das células desse sistema. Um importante exemplo é a proteína denominada PD-L1, que é produzida pelas células tumorais e direcionada a se ligar ao receptor chamado PD-1, presentes em um tipo específico de células do sistema imunológico. O complexo formado pela ligação, PD-L1/PD-1, inibe a ação imunológica contra as células do câncer. Os agentes imunoterápicos utilizados no tratamento do câncer de mama impossibilitam a formação do complexo PD-L1/PD-1. Dessa maneira, as células tumorais ficam expostas ao reconhecimento e ao ataque do sistema imunológico.
O carcinoma triplo negativo, em virtude da sua maior agressividade, apresenta uma elevada intensidade de alterações genéticas. Devido a este motivo, o sistema imunológico estimulado pelos agentes imunoterápicos reconhece mais facilmente e ataca de forma intensa essas células tumorais em específico. Os demais subtipos do câncer de mama ainda estão em um estágio inicial de pesquisa quanto a utilização da imunoterapia, sendo assim, até o momento, apenas o carcinoma triplo negativo mostrou ser responsivo a esta arma terapêutica.
O perfil de efeitos colaterais da imunoterapia difere daqueles tradicionalmente causados pela quimioterapia, sendo de uma forma geral mais bem tolerados. A intensidade dessa toxicidade pode variar desde alterações leves como simples sintomas gripais, até reações inflamatórias mais intensas em órgãos como tireoide, fígado e pulmão por exemplo. Estas reações podem ser identificadas precocemente e tratadas de forma eficaz pela equipe médica.
Dessa maneira, a imunoterapia é uma modalidade terapêutica promissora principalmente pela eficácia e pelo potencial de ação em diferentes tipos de tumores. Devido sua relevância atual, tem se tornado um dos temas mais importantes em oncologia. O seu papel no tratamento contra o câncer de mama, em particular o subtipo triplo negativo, vem consolidando como um importante avanço terapêutico devidos aos bons resultados obtidos em relevantes estudos clínicos.
Exemplos de alguns imunoterápicos estudados no tratamento contra o câncer de mama:
- Atezolizumabe: bloqueador do PD-L1
- Durvalumabe: bloqueador do PD-L1
- Pembrolizumabe: bloqueador do PD-1
- Nivolumabe: bloqueador do PD-1
Autores:
Dr. Leandro Alves Gomes Ramos – CRMMG 29309
Oncologista Clínico, Diretor Clínico da Oncomed BH, Coordenador do serviço de oncologia do IPSEMG (Instituto de Previdência do estado de MInas Gerais), Oncologista dos Hospitais Luxemburgo e Mário Penna.
Dra. Nara Rosana Andrade Santos – CRMMG 33597
Oncologista Clínica, Mestre em Oncologia pela Unifesp, Oncologista da Cetus, Oncologista do IPSEMG (Instituto de Previdência do estado de Minas Gerais), Sócia da OncoTag( Empresa pesquisa e desenvolvimento de biomarcadores oncológicos).