Meu nome é Tania Machado Jorge tenho hoje 71 anos de idade. Fui diagnosticada com câncer de mama no ano de 2017 aos 67 anos de idade. Estou curada.
Minha história e a seguinte, sempre dei prioridade ao trabalho, reuniões, viagens e pouca atenção pra minha saúde. Sinto até vergonha de dizer mas isso é também um alerta para todas as pessoas que dão mais atenção ao trabalho que a saúde.
Parei de trabalhar em 2016 e então decidi aproveitar o convênio médico e comecei a fazer exames; pensei logo em fazer mamografia e densitometria óssea que eram cruciais. Mas nem estava muito preocupada. Fui surpreendida por uma mamografia indicando BI-RADS-5 nas duas mamas que me levou a novos exames. Isso aconteceu em janeiro e no dia 20 de fevereiro de 2017 estava sendo operada das duas mamas que estavam com câncer.
Fui submetida a quadrantectomia e retirada de muitos linfonodos do braço direito e do linfonodo sentinela na axila esquerda. A cirurgia foi muito tranquila e fui pra casa no mesmo dia a noite. Sem intercorrências. O anátomo patológico da cirurgia indicava que os tumores das duas mamas eram idênticos. Todo o material foi enviado para o exterior para análise da genealogia dos tumores para identificar a necessidade ou não de quimioterapia. Os resultados indicaram que não precisava de quimioterapia. Fui então orientada pelo meu oncologista a iniciar tratamento com hormonioterapia (bloqueador hormonal) e fiz mais de 40 sessões de radioterapia nas duas mamas e também em parte do pescoço por prevenção.
Apesar do terror que espalham sobre a radioterapia, tive a sorte de fazer todas as sessões de radioterapia sem maiores problemas pois alguns cuidados carinhosos por parte do atendimento, me ajudaram a superar algumas dificuldades. Também apesar de tantas preocupações existentes com relação ao bloqueador hormonal as coisas tem corrido bem comigo sem maiores incidentes.
Desde a descoberta do problema e também durante os tratamentos que se seguiram, procurei manter meu pensamento firme e concentrado em cada fase. Não me revoltei e nem me senti condenada, apenas me apeguei as coisas que poderiam melhorar o meu tratamento. Boas leituras e músicas que elevavam o pensamento. Fazia religiosamente as caminhadas e os alongamentos recomendados para os braços poderem se alongar. Comecei a praticar yoga assim que a cirurgia cicatrizou e comecei a aprender a meditar. Procurei tocar a minha vida normalmente, viajei, fui ver meus netos até antes de iniciar a radioterapia pois tinha passagem já comprada. Já viajei inúmeras vezes para ver meus netinhos e aproveitei cada momento. Com fé e esperança sempre, sem ficar pensando coisas negativas. Lute muito contra isso.
Minha vida segue normal, com os controles (consultas e exames de rotina) sempre feitos nas datas previstas, a vida segue. A pandemia limitou um pouco as nossas saídas e viagens mas sigo com as caminhadas pratico yoga online duas vezes por semana. Assisto lives motivacionais para tentar alinhar meus pensamentos nas coisas boas da vida. Fiz cursos online para cuidar de plantas, as orquídeas são as minhas preferidas. Estou cuidando delas com muito carinho e estão florindo todos os anos.
Minha recomendação a todas as mulheres jovens ou mais experientes é que tenham fé em alguma coisas e se ocupem com coisas que amam fazer. Desenvolva habilidades esquecidas. Sempre adorei plantas e hoje cuido delas, modifiquei meu jardim. Sinto-me abençoada por Deus e estou curada por sua graça e misericórdia. Lembrem-se sempre que a partir da cirurgia e dos tratamentos estamos curadas, a doença saiu e só nos resta mudar o modo de viver e pensar ou seja, amar a todos e viver feliz. Um dia todos morreremos mas não precisa ser agora. Dedique-se a alguma obra de caridade, busque o amor ao próximo, faça o que gosta de fazer. Precisamos nos lembrar de sorrir. Existem técnicas pra corrigir nossos pensamentos ruins, lembremo-nos de perdoar aos outros e a principalmente nós mesmas.