Copa do Mundo de 2018. Em meio à euforia dos jogos, recebi um diagnóstico devastador: dois nódulos cancerígenos na mama direita. De repente, me deparei com um mar de incertezas. Tristeza e medo eram os sentimentos que me invadiam.
Perguntava a mim mesma como aquilo estava acontecendo. Eu que tinha uma vida saudável com rotina regular de exercícios e uma alimentação equilibrada, nunca tinha fumado … Mais uma peça que a vida nos prega.
Mesmo assim, reuni forças, sabe Deus de onde, e decidi que enfrentaria sem hesitação tudo que fosse necessário para o tratamento. Seguindo a orientação médica, me submeti a uma mastectomia bilateral, a da mama esquerda em caráter preventivo. Saí da primeira cirurgia com dois expansores no lugar das mamas e muita vontade de viver.
Embora não pudesse me desvencilhar da sensação de mutilação e baixa autoestima, procurava focar nos prognósticos positivos. Dada a natureza e tamanho dos tumores, não foi necessário o tratamento quimioterápico e/ou radioterápico. Daí a importância do diagnóstico precoce da doença, como, felizmente, foi o meu caso.
Segui adiante com o processo penoso de expansão das mamas, preparando-as para a reconstrução definitiva, realizada 04 (quatro) meses após a mastectomia, em paralelo com a medicação oral prescrita por 05 (cinco) anos com o objetivo de minimizar o risco de recidiva e que me deixou cara a cara com alguns sintomas da menopausa bem antes do esperado.
Ainda assim, meu propósito de vencer a doença era muito mais poderoso que qualquer adversidade. Retomei minha vida com toda a intensidade possível, agradecendo infinitamente a oportunidade de estar no convívio da minha família, de voltar ao trabalho e restabelecer minha rotina de atividades físicas que tanto me dão prazer.
Fica o meu testemunho no sentido de que o modo como encaramos a doença e o tratamento é que faz a diferença.
Valéria Moraes Lopes, 46 anos.