O procedimento da reconstrução autóloga usa tecido (pele, gordura e músculos) de outro lugar do corpo para formar uma nova mama. O tecido, também chamado de retalho pediculado, geralmente é retirado da barriga ou das costas, podendo permanecer fixado ao seu local ou “origem” para suprimento dos vasos sanguíneos, sendo “transportado” para a mama.
Os retalhos de tecido autólogo também podem ser completamente separados dos vasos sanguíneos originais (também chamados de “retalhos livres”). Em ambos os casos, o tecido é costurado no tórax para formar uma nova mama. Quando o retalho for livre, os vasos são novamente ligados com os da parede torácica através de técnicas de microcirurgia.
O principal benefício da reconstrução mamária que utiliza retalhos é a duração para a vida inteira, além de o resultado ficar semelhante ao tecido mamário real. Mas, como a reconstrução com implante, a nova mama terá pouca ou nenhuma sensação. Entretanto, como utiliza tecidos de outras áreas, a recuperação será mais lenta, assim como maior taxa de complicações imediatas (cicatrização, infecção, acúmulo de fluidos) ou tardias (“fragilidade” na área doadora).
Retalho tram
TRAM representa o retalho do músculo transverso reto abdominal, um músculo do abdômen inferior, associado ao tecido adiposo e pele, entre a cintura e o osso púbico. Um retalho muito semelhante ao tecido mamário, que pode ser pediculado, quando a vascularização permanece na área de origem do tecido; ou livre, quando a vascularização é “ligada” à artéria e veia da parede torácica através de microcirurgia. Esta última é pouco utilizada no Brasil.
O risco dos retalhos pediculados é que o tecido “movido” pode não obter circulação de sangue suficiente e algumas partes do tecido podem necrosar (morrer).
Embora pareça um procedimento de reconstrução interessante, o TRAM pode não ser uma boa opção para todas as mulheres, como as magras que não têm tecido extra suficiente na barriga; aquelas que já tiveram várias cirurgias abdominais; as que planejam engravidar; ou ainda, as que estão preocupadas com a perda de força em seu abdômen inferior.
O TRAM é uma cirurgia de grande porte, que necessita maior cuidado e tempo mais longo de recuperação. As principais complicações são os “nódulos” na mama reconstruída. Na verdade, a gordura pode sofrer processos de “necrose” e formar um tecido firme que pode ser sentido como um caroço, também chamado de necrose de gordura ou esteatonecrose. Outra complicação são as hérnias ou fragilidade abdominal. Uma hérnia acontece quando parte de um órgão interno (muitas vezes do intestino) sai através de um ponto fraco do abdômen. As hérnias podem causar uma protuberância visível no seu abdômen, sendo normalmente tratadas cirurgicamente inserindo uma espécie de “malha ou tela” para suporte da parede abdominal.
O que esperar após a cirurgia tram?
O período de recuperação de uma cirurgia com TRAM é, em média, oito semanas e a paciente precisa usar uma cinta de compressão abdominal durante essas semanas após a cirurgia. São realizadas pelo menos três cortes: na nova mama, no abdômen inferior e em torno do umbigo, além de drenos na mama reconstruída e no abdômen. Como em qualquer cirurgia abdominal, pode haver dificuldade para sentar ou para se levantar, além de deitar e sair da cama.
Retalho do grande dorsal
Como o retalho do músculo grande dorsal é mais próximo da mama do que o retalho do músculo TRAM, e também porque o suprimento sanguíneo é mais “confiável”, o retalho do músculo grande dorsal se apresenta como uma boa opção de reconstrução para as mulheres que não são boas candidatas para o TRAM.
O músculo grande dorsal está localizado nas costas, logo abaixo do ombro e por trás da axila. É o músculo que ajuda a fazer diversos movimentos do braço. Neste retalho, uma “ilha” de pele, gordura, músculo grande dorsal e vasos sanguíneos são transferidos da parte superior das costas para reconstruir a mama. Os vasos sanguíneos (artéria e veia) permanecem anexados ao suprimento original.
Na maioria dos casos, um implante mamário ou um expansor deve ser colocado junto ao retalho para alcançar a forma desejada, tamanho e projeção. Uma cicatriz nas costas será muitas vezes inevitável. Normalmente, este procedimento tem baixas taxas de complicações, porém há alguns inconvenientes, como a perda parcial da força no braço, tornando mais difícil levantar objetos mais pesados. A paciente também pode afetar a capacidade de executar certas atividades físicas como natação, golfe ou tênis. Nos casos de reconstrução bilateral, pode não ser uma boa escolha, pois poderia causar problemas musculares em ambos os lados.
O que esperar após a cirurgia com grande dorsal?
O período de recuperação de uma cirurgia com grande dorsal é, em média, quatro semanas. São realizados dois cortes: um na mama e o outro nas costas, assim como drenos no dorso e na mama. Durante a recuperação após a cirurgia, é recomendado que a paciente use sutiã cirúrgico e evite levantar objetos mais pesados.
Autores:
- Dr. Francisco Pimentel Cavalcante > Fortaleza/CE – CRM-CE: 7.765
- Dr. Eduardo Millen > Rio de Janeiro/RJ – CRM-RJ: 5263960-5
- Dr. Felipe Zerwes > Porto Alegre/RS – CRM-RS: 19.262
- Dr. Guilherme Novita > São Paulo/SP – CRM-SP: 97.408
- Dr. Hélio Rubens de Oliveira Filho > Curitiba/PR – CRM-PR: 20.748
- Dr. João Henrique Penna Reis > Belo Horizonte/MG – CRM-MG: 24.791