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    A mamografia é um raio-X da mama. Mas é um tipo de raio-X que foi desenhado pelos engenheiros para tirar radiografias apenas da mama. Assim, a peça vai em contato com a mama tem a sua forma, o feixe de raio-X tem o comprimento de onda ideal para estudar os tecidos mamários e, também, todos os acessórios, como filtros, grades para não dispersar a radiação e vários detalhes técnicos que fogem ao escopo dessa conversa.

    Para que serve a mamografia?

    Essencialmente para descobrir ou confirmar um câncer de mama.

    E qual a vantagem? Quando mais cedo fazemos um diagnóstico de câncer de mama, maior chance a paciente tem de ser curada. E ser curada com um mínimo de mutilação. Ponto para a humanidade.

    E o que procuramos ver nas radiografias?

    Não são tantas coisas assim. Na verdade há dois achados que são o verdadeiro “arroz com feijão” dos especialistas em mamografia: os nódulos e as microcalcificações.

    Nódulos, todos sabem, são caroços, bolinhas. Aparecem como manchas na radiografia.

    Mas a estrela de hoje são as microcalcificações. Elas são como pequenos grãos de sal que vemos na mama.

    Sal? Sim, só que sal de cálcio, primo do nosso sal de cozinha, o cloreto de sódio (o sódio é um metal, como o cálcio, e são vizinhos na tabela periódica dos elementos). A vantagem é que sendo o cálcio um metal, ele se destaca no exame de raio-X (é por isso que o raio-X é tão útil para ver fraturas nos ossos, por exemplo, uma vez que os ossos têm muito cálcio).

    Qual é o papel do cálcio no corpo?

    Tem muito cálcio no corpo. Ele está sempre indo dos alimentos que comemos para os ossos, através da circulação. Quando ele circula no sangue, pode ficar um pouco pelo caminho, assim como um resíduo fica nos cantos de uma panela, tem uns lugares onde ele fica mais. Nas artérias, por exemplo, ajudando a formar a famosa aterosclerose. Ele quando sai dos ossos vai embora pelos rins, e aí, às vezes, ele tende a se aglomerar, formando os famosos e dolorosos cálculos.

    Por que sabemos tanto sobre cálcio? Justamente porque ele aparece no raio-X. Ele pode ser a doença do paciente, como num cálculo renal, ou ele pode ser uma peça do detetive, como nas microcalcificações mamárias.

    O cálcio também se deposita nas mamas (e aparece no raio-X)

    Calcificações são comuns na mama, micro (pequenas) e macro (grande). Diferença entre elas: as macro jamais são câncer, enquanto as micro às vezes representam um câncer.

    São comuns? Sim, muito comuns. Cerca de metade das mulheres têm calcificações nas mamas. Mas a grande maioria não tem qualquer suspeita de câncer, só algumas.

    Quando as calcificações são suspeitas para câncer?

    Quando são minúsculas, pertinho umas das outras e de formatos variados. Os especialistas em mamografia sabem ver a diferença e saber quais precisam de biópsia.

    Biópsia? O que é isso?

    É tirar uma amostra de alguma coisa para ver se é maligno (câncer) ou benigno (não câncer). Na maioria das vezes o resultado será benigno.

    Quando sabemos quem precisa de biópsia?

    Esta é uma responsabilidade do médico radiologista. Ele vai fornecer o resultado por escrito, classificando as microcalcificações. Essa classificação se chama BI-RADS, e precisam de biópsia as calcificações das categorias 4 e 5. Quanto mais alta a categoria, maior o risco de ser maligno, mas o que vale mesmo é o exame final da amostra retirada.

    E se as microcalcificações forem câncer?

    A melhor notícia: habitualmente, o câncer diagnosticado por meio da detecção de calcificações é o câncer mais inicial que existe, permitindo altas taxas de cura e curas com menores mutilações.

    Lembrete

    Esse é um apanhado geral para lhe dar orientações que podem ajudar num momento difícil, a compreender melhor todo esse processo. Mas quando a situação é essa há que se ter um médico especialista acompanhando e dirigindo as decisões.

    Texto escrito por:

    Dr. Hélio S. A. Camargo Jr.

    Médico radiologista

    Portal Câncer de Mama Brasil

    Dr. Eduardo Millen • Rio de Janeiro/RJ – CRM-RJ: 5263960-5
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