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    Esta semana, tivemos a ASCO 2023 e com ela inúmeros estudos relacionados ao manejo do câncer de mama. O maior evento em oncologia de mundo, realizado anualmente em Chicago, nos Estados Unidos, contou com mais de 30 mil especialistas. Trazemos, por aqui, os principais destaques como a chegada de novos medicamentos em cenários distintos no Câncer de mama hormônio positivo (Ribociclibe e Sacituzumabe Govitecan), a cirurgia do linfonodo sentinela em idosas e após quimioterapia neoadjuvante, as tendências de testagem genética nos Estados Unidos e risco em mulheres jovens e a ausência de impacto da quimioterapia em tumores muito pequenos.

    Novos medicamentos

    Várias drogas chegando para o tratamento do câncer de mama. No cenário inicial, destaque para o estudo NATALEE, que demonstrou redução de 25% na recorrência invasiva da doença hormônio positiva / HER2 negativa com a adição do Ribociclibe. No Metastático, o Sacituzumabe Govitecan aumentou a sobrevivência em pacientes com câncer avançado hormônio positivo. Essa nova classe de terapia, designada ADCs ou “anticorpos-droga conjugados”, mesmo grupo do Trastuzumabe Deruxtecan, está ganhando cada vez mais espaço no arsenal terapêutico.

    Cirurgia

    Um estudo Japonês clínico randomizado acrescentou novas informações na cirurgia do tumor primário em câncer de mama já Metastático desde o princípio: avaliando mais de 400 mulheres randomizadas, a cirurgia não teve impacto global significante, mas as pacientes com tumores hormônio positivo, com doença em órgão único e principalmente na pré-menopausa, podem se beneficiar do tratamento local. Este resultado de subgrupo foi ao encontro do estudo randomizado Turco previamente publicado e contrário aos estudos Americano e Indiano. Outro estudo de cirurgia, uma metanalise com quase 15 mil pacientes, avaliando mortalidade em pacientes com mais de 70 anos, encontrou benefício do uso de linfonodo sentinela neste cenário, demonstrando que o manejo cirúrgico da mulher idosa deve ser individualizado e a idade não deve ser um fator isolado na tomada de decisão. Ainda no campo do linfonodo sentinela, uma análise conjunta dos estudos NSABP 40 e 41, que avaliou quimioterapia neoadjuvante e doença residual no linfonodo sentinela, Não demonstrou benefício da dissecção axilar, porém o número de pacientes com sentinela isolado foi apenas de 31 casos, não permitindo maiores conclusões, mas gerando boas perspectivas para o resultado do randomizado que vira no futuro próximo (ALLIANCE 11202), especialmente quando avaliado em conjunto com dados promissores prévios.

    Avaliação de risco

    Um estudo com mais de 1 milhão de pacientes com câncer, em um grande banco de dados de dois estados Americanos (SEER) demonstrou aumento do uso de testes genéticos nos Estados Unidos ao longo dos anos. Entretanto, a testagem ainda está aquém do recomendado pelos guidelines internacionais, como o NCCN, mesmo em casos de recomendação de teste formal, como acontece no Câncer de mama em homem (50% dos casos testados) e Câncer de Ovário (39%). Há ainda, disparidades importantes no uso do teste, com maior acesso por mulheres brancas por exemplo. Outro estudo, analisando mais de 600 pacientes com câncer de mama com menos de 40 anos e o risco de câncer na mama contralateral, concluiu que o risco foi significativo em casos com mutações patogênicas de alto risco detectadas (HR: 4.2 e risco em 10 anos de 9.1%) ou quando o diagnóstico inicial foi de carcinoma ductal in situ (HR: 4.9e risco em 10 anos de 9.5%). Por outro lado, pacientes com carcinoma invasor e sem mutação genética, o risco foi de 1.9% em 10 anos, até menor que o risco populacional para mesma faixa etária.

    Impacto da quimioterapia em tumores pequenos

    Dois estudos avaliando o impacto do uso da quimioterapia em tumores abaixo de 2 e 1cm, de tipos de alto risco (HER2 e TRIPLO NEGATIVO) demonstrou benefício deste tratamento em lesões acima de 1cm. Entretanto, este benefício foi ausente para pequenos tumores (<1cm). Tradicionalmente, estes casos são, em geral, tratados com quimioterapia ja em casos muito iniciais (normalmente acima de 0.5cm), com sugestão de consideração deste tratamento em guidelines, NCCN por exemplo, mas esses estudos demonstraram que se o benefício existir, deverá ser possivelmente modesto, mesmo nestes tipos biológicos adversos. Portanto, a maioria destas mulheres ficarão curadas com tratamento local com ou sem tratamento sistêmico, que tende a ter menor volume quando indicado, reforçando a importância da detecção precoce e do rastreamento em faixa etárias apropriadas para cada risco específico (populacional ou alto risco), pois além de melhorar o prognóstico, torna a estrada de tratamento mais tranquila e com menor toxicidade.

    Conclusão

    Os avanços no tratamento do câncer de mama, sistêmico ou local, e o manejo diagnóstico atual, permitem tratamentos mais individualizados e precisos, com impacto importante na cura destas mulheres. Entretanto, nenhum tratamento é tão impactante quanto o diagnóstico precoce.

    Portal Câncer de Mama Brasil

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