Em geral, são usados em associação com a hormonioterapia, seja com Tamoxifeno, Inibidores de Aromatase ou Fulvestranto. Como veremos a seguir, o ABEMACICLIBE tem algumas características únicas quando comparado com as outras medicações da mesma classe.
O que é o ABEMACICLIBE?
Uma das principais características das células tumorais é manter um processo de proliferação contínuo. O ciclo de proliferação celular tem 4 etapas que ocorrem em sequência: ( 1 ) S, em que ocorre a replicação do DNA; ( 2 ) G2, em que as células se preparam para a mitose; ( 3 ) M, em que ocorre a mitose, ou seja, a divisão celular; ( 4 ) G1, em que as células se preparam para entrar em uma nova rodada de replicação do DNA. A passagem da fase G1 para a fase S, em que ocorre a replicação do DNA, é altamente dependente da ação das Cinases Dependentes de Ciclinas (Cyclin-Dependent Kinases) 4 e 6, as CDK 4/6.
O ABEMACICLIBE é uma molécula oral capaz de agir diretamente sobre o ciclo celular, inibindo a ação das CDK 4/6, interrompendo o ciclo celular na fase G1, levando à morte da célula tumoral. Um ponto fundamental é que nas pacientes com receptores hormonais positivos, um mecanismo possível de resistência ao tratamento hormonal é a super-ativação das CDK 4/6. A inibição das CDK 4/6 pode reverter esta resistência hormonal. O ABEMACICLIBE é o mais potente inibidor de CDK 4/6 da classe.
Já é uma medicação com usos bem definidos na doença avançada/ metastática e são aguardados resultados em tratamento neoadjuvante e adjuvante.
Quais os nomes comerciais e formas de aplicação do ABEMACICLIBE?
O ABEMACICLIBE é encontrado com o nome comercial Verzenios®, em comprimidos de 50mg, 100mg, 150mg e 200mg. Habitualmente, é utilizado em associação à hormonioterapia. O ABEMACICLIBE é o único dos inibidores de ciclinas que pode ser usado isoladamente.
Quais são as indicações do ABEMACICLIBE?
Atualmente, o ABEMACICLIBE é indicado para pacientes com câncer de mama metastático ou avançado, com receptores hormonais positivos e HER2 negativo. Pode ser usado quatro situações específicas:
- No tratamento inicial, combinado com inibidor de aromatase
- No tratamento inicial, em combinação com Fulvestranto
- Em segunda linha de hormonioterapia, combinado com Fulvestranto
- Como medicação isolada, após progressão em hormonioterapia e 1 ou 2 regimes de quimioterapia paliativa
Quais são os principais efeitos colaterais do ABEMACICLIBE?
Os efeitos colaterais mais comuns são fadiga e efeitos gastrointestinais. A maioria dos pacientes apresenta algum grau de diarreia, habitualmente leve e principalmente no primeiro mês de uso da medicação. É absolutamente importante o contato com o médico em caso de diarreia, para que possa ser iniciado o tratamento precoce.
Efeitos colaterais incomuns, mas que podem ser graves são os eventos tromboembólicos (trombose venosa profunda e embolia pulmonar) e pneumonite.
Podem ocorrer alterações nos exames laboratoriais que costumam ser reversíveis, tais como elevação de creatinina e elevação de transaminases (TGO/ AST e/ ou TGP/ ALT).
Conclusão: O ABEMACICLIBE é um dos inibidores de ciclinas disponíveis para tratamento de pacientes com câncer de mama avançado, em pacientes com receptores hormonais positivos e HER2 negativo. Os estudos mostraram ganho em Sobrevida Livre de Progressão quando combinados à hormonioterapia em primeira linha, e mesmo de Sobrevida global em pacientes que já haviam recebido linha prévia de tratamento hormonal. Também pode ser indicado como droga isolada em pacientes que já progrediram mesmo com outras linhas de tratamento hormonal. A medicação só deve ser utilizada sob orientação e prescrição médicas.
Dr. Pedro Henrique A. de Souza – CRM-RJ 52642452
Oncologia Clínica Grupo OncoclÍnicas – Rio de Janeiro, Ex-coordenador Serviço de Oncologia Clínica – Hospital de Amor de Barretos, Ex-coordenador Serviço de Oncologia Clínica – Hospital do Câncer III – INCA