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    Meu nome é Elisangela Costa, tenho 45 anos, trabalho como executiva de contas em uma multinacional, e depois que venci o câncer descobri uma nova profissão, agora trabalho também como modelo. A concretização da minha superação foi ver a minha imagem nos outdoors, vitrines e TVs e perceber que eu venci, e que a vida pode ser muito melhor do que a gente imagina.

    Em DEZ/2011, ao completar 37 anos, nos exames de rotina solicitados pelo ginecologista fui surpreendida com o resultado de uma ultrassonografia mamária e mamografia que levaram a realização de biópsia percutânea, anatomopatológico e imunohistoquímico, e a constatação de carcinoma ductal invasivo grau 2, um nódulo de quase 4cm na mama esquerda.

    Eu, que julgava ter um estilo de vida saudável e nenhum caso de câncer na família, jamais imaginei algo assim. Não sentia dor, nunca suspeitei, apenas havia uma parte da mama mais densa ao toque, há algum tempo já, mas que até então não tinha me preocupado.

    Daí em diante foram inúmeros outros exames e consultas médicas. Passado o choque inicial de receber o diagnóstico de câncer de mama, tomei fôlego e fui em busca de realizar os tratamentos propostos pelos médicos, não havia comprometimento de outros órgãos, e isso era bom, eu tinha boas chances de cura. Passei por algumas avaliações e optei pelo acompanhamento com uma equipe que me fez sentir confiante, apesar de toda a sinceridade típica dos médicos a cada consulta.

    O início da quimioterapia estava marcado para JAN/2012, mas adiamos um mês, pois optei por congelar os óvulos, uma vez que me havia sido alertado sobre o risco aumentado de menopausa precoce. Deu tudo certo e em FEV/2012, após implantar um cateter, iniciei a quimioterapia.

    De todos os efeitos colaterais esperados, a queda do cabelo era o que mais me deixava apreensiva. Ao saber que após a primeira sessão eu perderia o cabelo em poucos dias, decidi cortar curto e doei a cabeleira. Depois de duas semanas, de fato não sobrou nem um fio, então corri e comprei uma peruca ao estilo chanel.

    Por seis meses fiz a quimioterapia, vermelha e branca, a cada três semanas. Não passei tão mal quanto imaginei que pudesse ser, e continuei com a minha rotina de trabalho normalmente, com um breve repouso após cada sessão. Foi possível até fazer uma pequena viagem no intervalo entre as sessões. A ordem era fazer coisas que me fizessem feliz, e assim obedeci.

    Eu tinha a preocupação de estar fortalecida fisicamente, então passei a me alimentar de maneira mais consciente e saudável. Nesse período também passei a dar uma importância maior para espiritualidade e autoconhecimento. A conexão mais próxima com a família e o cuidado e atenção dos amigos me encheram de gratidão por tanto carinho recebido e por reconhecer a oportunidade do tratamento.

    Finalizado o período das quimioterapias, eu teria a primeira cirurgia a realizar, então em SET/2012 fui submetida a uma adenomastectomia, linfadenectomia axilar e, felizmente, apesar de perder todo o tecido mamário, foi possível preservar a estética da mama, e já saí da cirurgia com a reconstrução com prótese e muito contente com o resultado. Foi feita também uma mastoplastia na mama oposta para simetrizar com a mama reconstruída.

    Passado algum tempo da recuperação dessa cirurgia, com drenagens linfáticas e fisioterapia, eu ainda teria mais um ano de terapia oncológica a partir de OUT/2011, mas bem mais tranquila e sem efeitos colaterais, faria parte da rotina receber essa medicação a cada 21 dias.

    A próxima etapa seria então a radioterapia, e entre DEZ/2012 e JAN/2013 foram 25 sessões, que não me causaram nenhum incomodo importante além de um aspecto diferente mas passageiro na parte da pele que recebeu a radiação. Nessa época consegui me livrar da peruca e estava feliz com o cabelo já crescidinho, e que estava nascendo como sempre foi. Me identifiquei tanto com o estilo curto que até hoje mantenho assim.

    Nesse um ano que se passou senti medo, preocupação, ansiedade, angústia, insegurança, mas tive também a oportunidade de exercitar o poder da mente e fortalecer o pensamento para passar por tudo da melhor forma e vencer a doença. Busquei apoio em bons livros, histórias inspiradoras e conversas positivas. Acredito que o bom ânimo e a disposição em também ajudar os que cruzam nosso caminho nessa jornada nos colocam em vantagem para superar os desafios íntimos e os impostos pelas adversidades próprias da vida.

    Segui com o terapia oncológica a cada 3 semanas, com o acompanhamento médico e o cabelo crescendo nesses próximos meses. Em OUT/2013 marcamos uma nova cirurgia, dessa vez para substituir a prótese que sofreu contratura com a radioterapia, mas foi bem tranquila, era mais uma questão estética. Aproveitei e removi o cateter, pois já havia finalizado a medicação quimioterápica que recebia por ele.

    O que me cabia fazer a partir de então era o acompanhamento periódico com os médicos e viver a vida normal e feliz, pois tudo havia dado certo e estava me sentido forte e vencedora. Mas, em JUN/15 descobrimos uma recidiva do tumor, um nódulo na região da axila no lado que tínhamos operado. Confesso que essa nova descoberta me abalou, pois eu acreditava que o pior já tinha ficado para trás, e pensar em passar por tudo de novo mexeu comigo.

    Felizmente não era algo tão complicado, fizemos uma ressecção, removemos o nódulo, e retornei para mais um ano de terapia oncológica a cada 21 dias, que terminei em JUN/16.

    Estamos em OUT/20, já se passaram quase 9 anos desde o diagnóstico inicial quando eu, apesar de assustada e aflita busquei me encher de forças para lutar e vencer, uma doença assustadora, mas que se diagnosticada e tratada tem cura!

    E por ser assim tão desafiadora nos dá a grande oportunidade de crescimento, amadurecimento, evolução, de exercitarmos a humildade, de recebermos a generosidade e carinho de pessoas incríveis que cruzam nosso caminho nessa trajetória, e de servirmos de inspiração para tantas outras pessoas que estão em suas batalhas e que poderemos ajudar a vencer se não desistirmos, se acreditarmos em nossa força de superar.

    Portal Câncer de Mama Brasil

    Dr. Eduardo Millen • Rio de Janeiro/RJ – CRM-RJ: 5263960-5
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