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    Me chamo Francieli ou simplesmente Fran. Sou esposa do Maia, temos dois lindos filhos, Filipe (13 anos ) e Maiara ( 9 anos). Em 2014 em uma consulta de rotina minha ginecologista pediu uma bateria de exames e entre eles foi pedido um exame que me chamou a atenção: “ultrassom de mama”. Nesta época eu estava com 33 anos, sem histórico familiar de câncer, nunca havia feito nada relacionado a mama então achei estranho e cheguei a questionar a respeito, dei pouquíssima importância, sendo o último que fiz da bateria que ela tinha passado.

    Para minha total surpresa foi nesse exame que apareceram dois nódulos na mama esquerda, que tiveram a classificação alta e indicação para biopsia. Após 50 dias de uma longa espera, em uma sexta no final da tarde o resultado chegou e um médico amigo nosso foi quem nos deu a notícia dentro do seguinte cenário: chamou minha família colocamos as crianças pra brincar, e ele nos informou que infelizmente era câncer. Então, começou a descrever o que provavelmente eu iria viver, mas confesso que não me lembro de quase nada que ele nos disse… simplesmente a famosa sensação de “perder o chão” aconteceu comigo. Em minha cabeça uma confusão gigantesca de pensamento e emoções estavam todas a mil: pensava e temia por meus filhos, minha família e meu marido, como seria nossa vida a partir daquela noticia.

    Na segunda-feira seguinte, comecei os preparativos para minha cirurgia. Teria de fazer uma mastectomia (retirada da mama) esquerda e depois de 15 dias eu já estava no centro cirúrgico. Meu sentimento no momento era medo da cirurgia e alegria pois queria retirar o que não fazia parte do meu corpo. A cirurgia foi um sucesso e após o período de recuperação, 30 dias em média, veio mais um exame que indicou que eu teria que fazer quimioterapia. Confesso que fiquei muito triste, pois eu tinha uma esperança que não precisaria de mais procedimentos, e esta foi mais uma bomba que veio sobre nós mas ao mesmo tempo, recebemos o apoio de todos os amigos e familiares que começaram mandar fotos e mais fotos com cabelos raspados, amigas com lenços isso fez toda diferença nos nossos dias de luta!

    E como contar às crianças que a mãe ia ficar careca? Naquele ano tinha copa do mundo, então falamos que eu faria o penteado de um jogador famoso que usava moicano e depois ficaria careca e que fazia parte do tratamento!

    Na primeira quimioterapia eu e meu marido ficamos um tempo na frente do consultório, mas eu realmente não queria entrar. Me lembro bem da oração que ele fez naquele momento: “Deus nos dê vida abundante até no tratamento de contra o Câncer”. Isso confortou tanto meu coração e me fez corajosa para entrar e receber o tratamento.

    Após os 15 dias meus cabelos começaram a cair, e depois de ter visto meus amigos carecas era a minha vez. Em uma tarde ninguém foi pra aula, fizemos uma festa em casa, meu marido, filhos e família cortaram meus cabelos e rasparam minha cabeça, não foi como em uma cena famosa de choro. Foi um momento de alegria e descontração, pois não queríamos deixar lembranças tristes para as crianças, mais quando fiquei sozinha no banho, chorei ao sentir a água caindo direto sobre minha cabeça.

    Então, ali se foram sessões de quimioterapia, dezenas de radioterapias, dias de cansaço e dores, mas acima de tudo, uma sensação de força e uma nova maneira de ver o mundo; com mais calma, mais amor e com certeza muita gratidão a Deus por tudo que eu estava conseguindo viver!

    Quando achamos que tudo estava acabando, o médico solicitou um mapeamento genético que apontou que tenho uma mutação no gene BRCA2, o que aumentaria 80% da chance de ter câncer na outra mama ou trompas e ovários. Meu médico orientou a fazer mais uma cirurgia e retirar os órgãos que poderiam ser afetados, o que acatamos prontamente. Assim, após alguns dias enfrentei mais uma cirurgia longa e invasiva, mais que me deixaria bem mais segura e, para encerrar com chave de ouro, fiz a cirurgia de reconstrução da mama.

    Meu corpo sofreu uma sequência de mudanças drásticas: descobri o Câncer de mama, fiz 3 cirurgias, 16 quimioterapias, 26 radioterapias, fiz tratamento de hormonioterapia por 5 anos, e posso falar com propriedade que a luta contra o câncer é muito difícil, porém a luta que travei contra meus medos, pensamentos e inseguranças foi bem maior, mas neste tempo, também vivi uma paz inexplicável vendo o cuidado de Deus por meio de amigos e familiares.

    Hoje após 6 anos, estou com 39 anos e não tem um dia sequer que não me lembre dessa grande vitória e agradeço a Deus. Sou sobrevivente do Câncer! Venci o Câncer de mama!

    Portal Câncer de Mama Brasil

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