Se existe uma palavra que define a evolução do tratamento do câncer de mama nos últimos anos é individualização.
Observamos, ao longo das décadas, a diminuição progressiva do tamanho da cirurgia do câncer de mama, acompanhada da introdução de medicamentos eficazes, como quimioterapia, hormonioterapia, terapias alvos e mais recentemente imunoterapia. Estes avanços trouxeram maiores taxas de curas, acompanhado de melhor qualidade de vida das mulheres.
Um grande avanço foi a identificação de subtipos moleculares: no início dos “anos 2000” aprendemos o que eram tumores luminais e basais utilizando técnicas complexas com o RNA, estrutura encontrada no núcleo das nossas células e das células tumorais. Isto permitiu separar casos mais agressivos daqueles de melhor prognóstico e, mais importante que isso, selecionar terapias mais adequadas e personalizadas. Na sequência, assinaturas genômicas surgiram com o intuito de selecionar casos para não realizar quimioterapia. Estas ferramentas já estão ao nosso alcance.
O acesso aos testes genéticos também tem mudado nossa prática: conseguimos selecionar pacientes com mutação hereditária, ou seja, situações de alto risco para novos tumores ou mesmo predisposição hereditária para familiares sadios. A Associação Americana de Cirurgiões de Mama lançou uma nova diretriz este ano, recomendando teste genético para todas as mulheres com câncer diagnosticado.
Recentemente, dois estudos demonstraram benefício em continuar com tratamento medicamentoso em mulheres com doença residual após quimioterapia. No passado, esta informação não modificava a terapia: servia mais como um marcador prognóstico, porém agora temos tratamento adicional disponível. A capecitabina já está disponível no Brasil para os tumores triplo-negativo mas o T-DM1 ainda não, apesar de já estar aprovado para doença metastática HER2.
Tomar uma decisão individualizada tendo em mente todo este quebra-cabeça será o desafio de quem trata o câncer de mama: quem operar primeiro, quando começar com quimioterapia, quem se beneficia de tratamentos adicionais e ao mesmo tempo minimizar terapias, etc, etc, etc. E ainda não acabou. Diversos estudos estão em andamento: alguns para diminuir (ou retirar) cirurgia em alguns casos, outros para acrescentar ou retirar tratamento medicamentoso. E o futuro chegará em breve para benefício das pacientes.
- Dr. Francisco Pimentel Cavalcante > Fortaleza/CE – CRM-CE: 7.765
- Dr. Eduardo Millen > Rio de Janeiro/RJ – CRM-RJ: 5263960-5
- Dr. Felipe Zerwes > Porto Alegre/RS – CRM-RS: 19.262
- Dr. Guilherme Novita > São Paulo/SP – CRM-SP: 97.408
- Dr. Hélio Rubens de Oliveira Filho > Curitiba/PR – CRM-PR: 20.748
- Dr. João Henrique Penna Reis > Belo Horizonte/MG – CRM-MG: 24.791