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    Quando se fala em predisposição hereditária ao câncer, a  maioria das pessoas pensa em câncer de mama e “mutação de BRCA”, ou melhor dizendo, variantes nos genes BRCA1 e BRCA2. De fato, estes são os principais genes responsáveis pelo câncer de mama hereditário. No entanto, existem diversos outros genes associados ao aumento de risco de desenvolvimento não só de câncer de mama, como também de outros tipos de tumores. E este é o caso do PALB2.

    Todos nós temos 2 cópias do gene PALB2, uma materna e outra paterna, que atua normalmente nas nossas células reparando danos do DNA e evitando o crescimento de tumores. Quando uma dessas cópias apresenta determinadas mutações (entenda como alterações específicas), as chamadas variantes patogênicas ou provavelmente patogênicas, sua função é prejudicada e há uma maior susceptibilidade a formação de alguns tumores. Enquanto mulheres em geral tem um risco cumulativo de cerca de 12,5% de desenvolver câncer de mama ao longo da vida, estima-se que mulheres portadoras de variantes no gene PALB2 tem um risco aproximado de 45 a 60%, além de um risco de desenvolvê-lo em idade mais precoce.

    Estima-se também um aumento de risco, mas em menor proporção, de câncer de ovário e câncer de pâncreas, além de evidências preliminares de possível aumento de risco de outros tipos de tumores. No entanto, é importante frisar que se trata de um aumento de risco em relação à população em geral, e não uma certeza de que o indivíduo está destinado a desenvolver um tumor em algum momento da vida! Isso porque o câncer é uma doença multifatorial, que não é determinado apenas pela mutação no gene PALB2, mas que também é influenciado por diversos fatores de risco como história familiar, outras alterações genéticas, sedentarismo, obesidade, dieta, tabagismo etc.

    Mas, descrito o que significa mutação do gene PALB2… como saber se um indivíduo é portador? E qual a importância deste conhecimento?

    Através de testes genéticos específicos, por sangue ou saliva, é possível identificar indivíduos portadores. E trata-se de uma informação bastante valiosa porque pode ter impacto no manejo do paciente oncológico, além de ser uma oportunidade de se instituir estratégias personalizadas de prevenção e detecção precoce de tumores não só para o paciente como também para os familiares em risco.

    Por exemplo, enquanto que para mulheres em geral recomenda-se mamografia anual a partir dos 40 anos, pelo risco aumentado de câncer de mama, recomenda-se que mulheres portadoras de variantes patogênicas ou provavelmente patogênicas no gene PALB2 tenham maior atenção das mamas, com rastreamento mais precoce e mais intensivo por meio de mamografia ou tomossíntese anual alternada com ressonância magnética das mamas com contraste anual a partir dos 30 anos. Alternativamente, discute-se a opção de cirurgia redutora de risco das mamas como medida preventiva, com seus riscos e benefícios. E isso pode inclusive mudar o plano de tratamento de pacientes com diagnóstico de câncer de mama, que dependendo do estágio e características pessoais, podem ter sua conduta cirúrgica modificada.

    Pelo fato de ser uma alteração genética hereditária, familiares podem ser ou não portadores da mutação, e por isso é importante que a informação seja compartilhada na família para que os mesmos sejam avaliados. E como portadores da mutação tem um risco de 50% de passá-la para cada filho, no caso do parceiro também ser portador (pouco provável, mas com maior chance no caso de consanguinidade), existe o risco de uma condição bastante rara chamada anemia de Fanconi se a criança herdar as 2 cópias alteradas do gene PALB2.

    Assim, variantes patogênicas ou provavelmente patogênicas no gene PALB2 estão associadas a uma síndrome de predisposição hereditária ao câncer, com um aumento de risco moderado de câncer de mama e, em menor proporção, de câncer de ovário e pâncreas. O conhecimento deste aumento de risco dá a oportunidade para o paciente ficar mais atento a sinais e sintomas, reduzir o risco de câncer por fatores modificáveis como os relacionados ao estilo de vida, e ter um plano de cuidado personalizado com medidas de prevenção e vigilância distintos da população em geral.

    Texto escrito por:

    Dra. Letícia Taniwaki

    CRM 151262 – SP
    Oncologia Clínica e Oncogenética

    Hospital Israelita Albert Einstein
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