Os painéis genéticos germinativos referem-se às análises das sequências de DNA de um número maior ou igual a dois genes do genoma humano.
O resultado desses painéis é reportado no laudo informando o gene, a modificação e a localização na qual a variante foi detectada. De acordo com o conhecimento científico, avalia-se o impacto desta alteração da sequencia de DNA e consequentemente na formação e funcionalidade da proteína codificada por aquele gene. Assim, haverá uma classificação quanto a patogenicidade, ou seja, sua potencial associação com o risco do câncer de mama.
Quanto a patogenicidade, as variantes são classificadas como benignas, provavelmente benignas, patogênicas, provavelmente patogênicas ou de significado incerto (VUS), tudo seguindo os critérios do Colégio Americano de Genética Médica.
Como o próprio nome sugere, as VUS são variações que não podem ser correlacionadas com o câncer de mama até o momento da liberação do laudo por falta de dados científicos. Com o passar do tempo e o acúmulo de informações clínicas, epidemiológicas e testes laboratoriais, espera-se que essas VUS sejam reclassificadas para benignas ou provavelmente benignas, o que ocorre na vasta maioria das vezes, podendo em 10% dos casos virem a ser patogênicas ou provavelmente patogênicas.
Na prática, as VUS não devem ser interpretadas ou conduzidas como variantes patogênicas ou provavelmente patogênicas pelas incertezas quanto ao impacto na função do gene e ao seu risco associado ao câncer de mama devendo o caso ter sua condução baseada na clínica e história familiar.
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Texto escrito por:
Dra. Danielle Calheiros Campelo Maia
CRM-CE 8220
1. The Challenge of Genetic Variants of Uncertain Clinical Significance : A Narrative Review.
Burke W, et al. Ann Intern Med. 2022. https://doi.org/10.7326/M21-4109
2. ACMG Laboratory Quality Assurance Committee. Standards and guidelines for the interpretation of sequence variants: a joint consensus recommendation of the American College of Medical Genetics and Genomics and the Association for Molecular Pathology. Richards, S. Et al. Genet Med. 2015 May;17(5):405-24. doi: 10.1038/gim.2015.30