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    Diferente do que a maioria das pessoas pensam, a maior parte dos cânceres de mama não são hereditários. Apenas cerca de 5-10% dos cânceres de mama são considerados hereditários por serem causados por mutações ou variantes genéticas passadas dos pais para os filhos.

    As mutações genéticas mais comuns são aquelas que ocorrem nos genes BRCA1 e BRCA2. Mas hoje, já conhecemos mutações genéticas em outros genes, como o ATM, CHEK2, RAD51-D e PTEN que podem causar o câncer de mama hereditário. Um recente estudo publicado na The New England Journal of Medicine, uma importante revista científica, avaliando mais de 100.000 mulheres, definiram esses outros genes como possíveis causas genéticas do câncer de mama. Porém, elas são diferentes com relação à chance de uma mulher com essa mutação ter o câncer, o que terá impacto no seu acompanhamento.

    Por que devemos conhecer essas diferentes mutações genéticas?

    As mutações genéticas nos genes ATM, CHEK2, RAD51-D ou PTEN são muito menos comuns. A maioria não aumenta o risco de câncer de mama como o BRCA e isso faz diferença para definir a melhor estratégia de tratamento e redução de risco (cirurgias redutoras de risco, medicamentos e exames de vigilância). Além disso, elas podem estar associadas a outros tipos de câncer diferentes do câncer de mama que exigem acompanhamento para diagnóstico precoce e tratamento específico.

    Mutações do PTEN e a Síndrome de Cowden

     O gene do PTEN normalmente ajuda regular o crescimento das células; Mutações no gene do PTEN causam a Síndrome de Cowden. Pacientes que apresentam a Síndrome de Cowden têm maior chance de desenvolver não só câncer de mama, mas também outros tipos de câncer (principalmente de útero – endométrio, tireoide, rim e colorretal) e em idade mais jovem.

    O risco de câncer de mama pode ser elevado, próximo ao do BRCA e por isso mulheres com mutações no PTEN devem realizar exame de ressonância de mamas para rastreamento além de mamografia e deve iniciar mais cedo que as mulheres em geral. Pode ser considerada a opção de cirurgia redutora de risco da mama nesses casos. Essas pacientes também devem ser acompanhadas com colonoscopia e ultrassom para rastreamento dos outros tumores.

    Qual o risco de câncer de mama para mutações genéticas em ATM, CHEK2, RAD51-D?

     Os genes ATM, CHEK2, RAD51-D fazem parte do sistema que corrige os danos no DNA da célula. As mutações genéticas nesses genes estão associadas a um risco de câncer de mama que chamamos moderado, em torno de 20 a 40%, podendo variar com influência da história familiar de câncer. As mutações em ATM e CHEK2 são mais relacionadas ao câncer de mama receptor hormonal positivo, enquanto o RAD51-D ao câncer de mama triplo negativo.

    Quais são os outros tipos de câncer associados a essas mutações genéticas?

     Indivíduos portadores de mutações de ATM (apenas uma variante), além de elevado risco de câncer de mama também podem possuir maior risco de câncer de pâncreas. Algumas pessoas podem apresentar 2 mutações do gene ATM, uma situação ainda mais rara associada a uma síndrome chamada Ataxia-telangiectasia.

    Para pessoas portadoras de mutações de CHEK2 o risco é maior para o câncer colorretal. Por outro lado, as mulheres portadoras de mutações do RAD51-D possuem elevado risco de câncer de ovário.

    Como descobrir as mutações de ATM, CHEK2, RAD51-D e PTEN?

     As mutações ou variantes genéticas nos genes ATM, CHEK2, RAD51-D e PTEN são identificadas por meio do teste genético conhecido como painel genético. Nesse exame é realizado análise do DNA em uma amostra de sangue ou saliva, sendo possível avaliar outras variantes genéticas inclusive o BRCA.

    O que fazer quando descobrir uma mutação de ATM, CHEK2, RAD51-D e PTEN?

     As mutações ou variantes genéticas hereditárias como as encontradas em ATM, CHEK2, RAD51-D e PTEN não podem ser eliminadas, mas uma vez que são identificadas podemos traçar um plano de acompanhamento com exames de vigilância para diagnóstico precoce e em alguns casos considerar a cirurgia de redução de risco de câncer.

    Genética e Câncer de Mama

    Cada vez mais estamos avançando no conhecimento da genética do câncer de mama e isso é fundamental para definir as formas de tratamento e prevenção. Até o momento, mutações genéticas em pelo menos 8 diferentes genes estão associadas ao câncer de mama, sendo o BRCA 1 e 2 os mais frequentes e ATM, CHEK2, RAD51-D e PTEN alguns desses outros. Dentre estes, as mutações do PTEN são as de maior risco, enquanto os demais geram um aumento apenas moderado do risco de câncer de mama. É fundamental entendermos que para cada mutação genética, existem essas diferentes estimativas de risco de câncer de mama e outros tipos de câncer associados, portanto, para cada uma há recomendações para exames preventivos e tratamento adequado.

    Texto escrito por:

    Dra. Roberta Galvão

    CRM SP 126456
    Oncogeneticista

    [email protected]

    www.oncologiagenetica.com.br

    Portal Câncer de Mama Brasil

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