Você sabe qual o melhor tipo de biópsia para as calcificações? Primeiro, vamos explicar o que são as calcificações:
As calcificações são um sinal mamográfico causado pelo depósito de cálcio nos tecidos que compõem a mama, o que pode ocorrer nos ductos e lóbulos mamários, no tecido ao redor deles, nos vasos sanguíneos ou na pele. Elas podem ser o sinal mais precoce de câncer de mama e por isso é importante determinar a sua origem e a sua causa.
Alguns padrões de imagem na mamografia são tipicamente benignos e revelam a sua origem sem a necessidade de biópsia, tais como as calcificações na pele ou na parede dos vasos sanguíneos, que são muito comuns. Quando as calcificações ocorrem no tecido mamário, seja no interior dos ductos e lóbulos da mama ou no tecido ao seu redor, nem sempre é possível determinar se a sua causa foi acúmulo de secreção ou proliferação anormal de células somente pelos métodos de imagem, sendo necessária a retirada de tecido mamário da região, com o objetivo de enviar o material coletado para análise microscópica.
Qual o melhor tipo de biópsia para calcificações mamárias?
O melhor tipo de biópsia para avaliação de calcificações deve ter três características: fornecer tecido mamário em quantidade suficiente para que o patologista não tenha dúvidas ao analisar o material, ser direcionado pelo método de imagem capaz, e, identificar e localizar as calcificações causando o menor dano possível à mama da mulher.
As biópsias guiadas por exames de imagem são capazes de fornecer um diagnóstico semelhante à retirada cirúrgica de um fragmento de mama na maioria dos casos, sem cicatrizes ou com mínimos sinais na pele. Elas são sempre feitas com anestesia local após a localização da região a ser biopsiada, semelhante aos tratamentos odontológicos, com desconforto mínimo. É importante selecionar um local que seja representativo da totalidade da área anormal na mamografia. Em alguns casos selecionados, podem ser necessárias amostras de locais diferentes para determinar a extensão do comprometimento da mama.
Como é realizada a biópsia?
O cálcio é visto claramente na mamografia, o que faz com que este método seja o mais usado para guiar biópsias de calcificações. Ele é chamado de biópsia estereotáxica ou estereotaxia. Entretanto, quando existe uma correlação clara com um achado ultrassonográfico na mesma topografia, a ultrassonografia pode ser usada para coleta do material, que deve ser radiografado para comprovar a presença das calcificações nos fragmentos.
Para que as calcificações sejam localizadas, utiliza-se um compressor mamográfico que possui uma janela, por onde se consegue puncionar a mama. É feita uma compressão da região a ser examinada, que permanece até o final da coleta do material, e a localização exata das calcificações é determinada nos três eixos: vertical, horizontal e profundidade. Esse procedimento pode ser feito com a paciente sentada ou deitada, dependendo do tipo de aparelho que a clínica possui.
O trabalho do médico patologista nem sempre é fácil na diferenciação entre lesões benignas e lesões malignas que causam calcificações. Por isso, é essencial fornecer material em quantidade suficiente e colhido em local representativo da lesão para que não haja subestimação do diagnóstico.
Há agulhas que colhem material da mama que utilizam uma abertura com sistema a vácuo, capaz de sugar o tecido mamário para o seu interior e coletar amostras diagnósticas com um pequeno orifício na pele, sem a necessidade de sutura. Em focos pequenos, a biópsia a vácuo é capaz de retirar totalmente as calcificações, sendo necessário deixar um marcador metálico no local biopsiado, não ferromagnético e que não atrapalha a realização de exames de ressonância. Assim, a biópsia a vácuo guiada por estereotaxia (mamografia) ou tomossíntese é o método de escolha biópsia de calcificações e pode evitar cirurgias diagnósticas desnecessárias.
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Texto escrito por:
Dra. Ivie Braga de Paula
Médica Radiologista Membro do Colégio Brasileiro de Radiologia
Mestre em Ciências da Saúde pela UFMG
Membro da Comissão Nacional de Mamografia
Membro da Comissão Científica do Colégio Brasileiro de Radiologia
Coordenador do Departamento de Diagnóstico por Imagem da Mama do Instituto Orizonti e médica radiologista da Clínica Conrad e do Instituto Hermes Pardini em Belo Horizonte – MG