CARCINOMA DUCTAL INVASIVO
É o mais frequente entre os casos de câncer de mama, representando cerca de 75%, e engloba uma grande variedade de subtipos de tumor mamários. Também é conhecido como carcinoma ductal invasivo. Este nome deve-se ao fato de não ter nenhuma característica que o diferencie dos demais casos nos exames de patologia.
O ideal é que o tumor seja detectado em fase inicial, através de mamografia. Se o tratamento for realizado corretamente, as chances de cura podem ser superiores a 95%.
COMO DETECTAR?
Os casos podem se manifestar em forma de nódulos irregulares ou espiculados, assim como microcalcificações irregulares, discordâncias focais ou distorções arquiteturais.
A melhor forma de detecção é aquela feita antes de qualquer sintoma, através da mamografia de rotina. Em raras ocasiões, existe a necessidade de exames complementares para a detecção, como ultrassom ou ressonância de mamas.
O diagnóstico normalmente é obtido através de biópsias por agulha, exame pouco agressivo que confirma a presença do tumor e ajuda a planejar o tratamento.
COMO TRATAR?
O tratamento do carcinoma invasivo de tipo não especial consiste na cirurgia para a retirada de todo o tumor, deixando margens livres, ou seja, áreas de tecido saudável ao redor como proteção.
Quando a lesão é pequena (ou com boa proporção entre o tumor e a mama), a cirurgia preferencial é a quadrantectomia, quando o cirurgião conserva a mama, removendo somente o câncer e algum tecido normal ao redor dele. Este tratamento tem a mesma eficiência da mastectomia, porém com menor dano físico e psicológico.
Quando a lesão é mais extensa ou múltipla (tumor multicêntrico), a cirurgia indicada é a mastectomia (retirada total da mama). Em algumas situações em que o tumor apresenta um tamanho maior, pode ser feito uso de medicações para diminuir o câncer e permitir a cirurgia conservadora de mama. Nos casos em que a mastectomia é obrigatória, muitas vezes é possível preservar a pele e a papila mamária (mamilo), facilitando a reconstrução da mama.
Além da cirurgia mamária, é necessária a avaliação dos linfonodos (gânglios) da axila. Normalmente, apenas a biópsia do linfonodo sentinela (primeiro linfonodo a receber a drenagem da mama) é suficiente. Porém, alguns casos necessitam de retirada de todos os linfonodos da axila (linfadenectomia ou esvaziamento axilar).
Após a mastectomia, a reconstrução mamária pode ser realizada na maioria dos casos, sem prejuízo à cura. A maior parte das reconstruções é feita com expansores de tecido ou próteses de silicone. Algumas pacientes precisam de transposição de pele de outros locais do corpo, geralmente abdome ou região dorsal.
TRATAMENTO COMPLEMENTAR
O conceito de tratamento complementar após a cirurgia (ou adjuvante) com quimioterapia, bloqueadores hormonais e radioterapia nem sempre é claro para as pacientes. Afinal, para que terapias tóxicas se todo o tumor foi retirado na cirurgia?
Na verdade, além do tumor que é visto na mama, podem existir outros focos microscópicos que podem permanecer mesmo após a cirurgia. Também existem células tumorais circulando no organismo. A radioterapia e o tratamento medicamentoso (quimioterapia, bloqueio hormonal e terapia anti-Her-2) ajudam a eliminar estes focos e melhoram o controle da doença e as chances de cura.
A radioterapia é praticamente realizada após todos os casos de quadrantectomia e alguns casos de mastectomia (nos tumores maiores ou mais agressivos). O bloqueio hormonal (ou hormonioterapia) é feito sempre que o tumor expressa receptores hormonais de estrógeno ou progesterona. A terapia anti-Her-2 também é feita sempre que existe a expressão desta proteína.
No caso do uso de quimioterapia, as indicações ficam restritas aos tumores de maior tamanho ou biologia desfavorável em pacientes com boas condições clínicas. Além do tamanho do tumor e do número de linfonodos comprometidos, as informações do exame imunoistoquímico (reações químicas entre as proteínas presentes nas células cancerosas e anticorpos previamente preparados) e da assinatura genética ajudam na decisão sobre a indicação de quimioterapia.
Vale reforçar que quando o carcinoma invasivo de tipo não especial é detectado no início e, em seguida, recebe um tratamento adequado, tem chances de cura bastante elevadas e poucos efeitos colaterais no tratamento.
Autores:
Guilherme Novita – São Paulo/SP – CRM-SP: 97.408
Eduardo Millen – Rio de Janeiro/RJ – CRM-RJ: 5263960-5
Felipe Zerwes – Porto Alegre/RS – CRM-RS: 19.262
Francisco Pimentel Cavacante –Fortaleza/CE – CRM-CE: 7.765
Hélio Rubens de Oliveira Filho – Curitiba/PR – CRM-PR: 20.748
João Henrique Pena Reis – Belo Horizonte/MG – CRM-MG: 24.791