O que é o carcinoma oculto de mama?
O carcinoma oculto de mama é uma manifestação rara do câncer de mama, que apresenta tumor exclusivamente nos linfonodos axilares. O diagnóstico acontece pela palpação de gânglios axilares aumentados, confirmação de carcinoma invasivo de origem mamária e exclusão de focos de doença na mama. Quando o tratamento é feito corretamente as chances de cura são bastante elevadas.
O carcinoma oculto de mama caracteriza-se pela presença de carcinoma invasivo de origem mamária nos linfonodos axilares, sem doença na mama.
Estudos de patologia demonstraram que cerca de 98% das vezes existem focos de tumor na mama, porém sem manifestação clínica. As teorias para isto seriam a presença de uma agressividade maior (acometimento dos linfonodos antes mesmo de formar um nódulo mamário) ou defeito na capacidade de formação deste subtipo de câncer.
Esta segunda teoria é mais aceita, pois, as chances de cura do carcinoma oculto de mama são semelhantes a outros tumores com igual estadiamento (extensão) e biologia.
Como detectar o carcinoma oculto de mama?
O diagnóstico geralmente é clínico, através da palpação de linfonodos (gânglios) axilares aumentados. Mas, vale ressaltar que nem todo aumento de linfonodos significa câncer de mama. Na maior parte das vezes, os linfonodos estão aumentados por doenças infeciosas ou inflamações. Os gânglios suspeitos para câncer são aqueles com mais de 3 cm, endurecidos e que persistem por mais de 1 mês.
Em algumas situações, o aumento dos linfonodos é visto através de exames de imagem tais como mamografia, ultrassom, ressonância ou tomografia.
Após a suspeita clínica, o linfonodo suspeito deve ser analisado em exame de patologia. Isso pode ser feito através da retirada do gânglio com pequena cirurgia ou por biópsia percutânea com agulha grossa.
O exame de patologia permite confirmar a presença de câncer e analisar qual é o subtipo deste câncer. Vale lembrar que as principais causas de câncer nos linfonodos são os linfomas e que outros tipos de câncer (melanoma, tumores gástricos, etc) também podem acometer os gânglios axilares.
Após o diagnóstico de carcinoma invasivo de origem mamária em linfonodos axilares, devem ser feitos exames para avaliar a mama. A mamografia e a ressonância magnética são fundamentais para excluir doença mamária. Caso estes exames não mostrem focos mamários, o quadro pode ser chamado de carcinoma oculto de mama.
Como tratar o carcinoma oculto de mama?
O tratamento inicial geralmente é cirúrgico, com a retirada de todos os linfonodos axilares (esvaziamento axilar).
Apesar de existirem focos microscópicos na mama em quase todas as lesões, os estudos clínicos demonstraram que não há necessidade de retirada mama, Aparentemente, a radioterapia e o tratamento complementar conseguem controlar estes outros focos e a chance de uma nova doença é semelhante aos casos de mastectomia.
Em alguns casos, quando a extensão da doença axilar é grande, o tratamento inicial pode ser feito com quimioterapia, de modo a reduzir a doença e facilitar o tratamento cirúrgico subsequente.
O conceito de tratamento complementar após a cirurgia (ou adjuvante) com quimioterapia, bloqueadores hormonais e radioterapia nem sempre é claro para as pacientes. Afinal, para que terapias tóxicas se todo o tumor foi retirado na cirurgia?
Na verdade, além do tumor que é visto na mama, podem existir outros focos microscópicos que podem permanecer mesmo após a cirurgia. Também existem células tumorais circulando no organismo. A radioterapia e o tratamento medicamentoso (quimioterapia, bloqueio hormonal e terapia anti-Her-2) ajudam a eliminar estes focos e melhoram o controle da doença e as chances de cura.
Resumidamente, pode ser dito que o tratamento é semelhante a outros casos de câncer de mama com acometimento axilar.
A radioterapia é feita em todos os casos de carcinoma oculto de mama, mesmo os casos de mastectomia. A quimioterapia também é geralmente utilizada, com raras exceções (pacientes sem condição clínica ou tumores pequenos e com assinatura genética favorável). O bloqueio hormonal (ou hormonioterapia) é feito sempre que o tumor expressa receptores hormonais de estrógeno ou progesterona. A terapia anti-Her-2 também é feita sempre que existe a expressão desta proteína no componente invasivo.
Em resumo, podemos afirmar que as pessoas com carcinoma oculto de mama detectado no início e com tratamento adequado tem chances de cura bastante elevadas e poucos efeitos colaterais do tratamento.
Autores:
- Guilherme Novita – São Paulo/SP – CRM-SP: 97.408
- Eduardo Millen – Rio de Janeiro/RJ – CRM-RJ: 5263960-5
- Felipe Zerwes – Porto Alegre/RS – CRM-RS: 19.262
- Francisco Pimentel – Fortaleza/CE – CRM-CE: 7.765
- Hélio Rubens de Oliveira Filho – Curitiba/PR – CRM-PR: 20.748
- João Henrique Pena Reis – Belo Horizonte/MG – CRM-MG: 24.791