O que é o carcinoma metaplásico de mama?
O carcinoma metaplásico de mama é raro (menos de 1% dos carcinomas invasores). Trata-se de grupo heterogêneo de tumores, constituídos inteiramente ou em parte por componentes diferentes dos carcinomas não especiais. Geralmente são bastante agressivos e o tratamento é semelhante ao do carcinoma invasivo de tipo não especial.
A constituição do carcinoma metaplásico de mama é variável. Os principais subtipos são: carcinoma de células fusiformes, carcinoma de células escamosas, carcinoma adenoescamoso de baixo grau, carcinoma metaplásico com diferenciação mesenquimal, que pode ser benigna (carcinoma produtor de matriz óssea ou condroide) ou maligna (carcinoma com diferenciação osteosarcomatosa) e o carcinoma metaplásico misto. Geralmente apresentam citoqueratina de alto peso molecular e ausência de receptores hormonais e Her-2 (triplo negativo).
São tumores geralmente agressivos, com chances de cura inferiores ao carcinoma de tipo não especial, exceto para alguns subtipos, como o carcinoma adenoescamoso de baixo grau.
Como detectar o carcinoma metaplásico de mama?
Geralmente forma grandes nódulos ou massas, com crescimento rápido.
A forma de detecção ideal é aquela feita antes de qualquer sintoma, através da mamografia de rotina. Em raras ocasiões, existe a necessidade de exames complementares para a detecção, tais como ultrassom ou ressonância de mamas.
O diagnóstico normalmente é obtido através de biópsias por agulha, exame pouco agressivo que confirma a presença do tumor e ajuda a planejar o tratamento.
Como tratar o carcinoma metaplásico de mama?
A cirurgia do carcinoma metaplásico de mama consiste na retirada de todo o tumor, com margens amplas. Nos casos com lesão pequena (ou com boa proporção entre o tumor e a mama) a cirurgia preferencial é a quadrantectomia (cirurgia conservadora da mama). Afinal, este tratamento tem a mesma eficiência da mastectomia, porém menor dano físico e psicológico.
A mastectomia deve ser reservada para lesões extensas ou múltiplas (tumor multicêntrico). Em algumas situações de tumor grande, pode ser feito uso de medicações para diminuir o câncer e permitir a cirurgia conservadora de mama. Nos casos que a mastectomia é obrigatória, algumas vezes é possível preservar a pele e a papila mamária (mamilo), facilitando a reconstrução da mama.
Normalmente os carcinomas metaplásicos se espalham por via sanguínea, mas a avaliação dos linfonodos (gânglios) da axila também deve ser realizada. Normalmente, apenas a biópsia do linfonodo sentinela (primeiro linfonodo a receber a drenagem da mama) é suficiente. Porém, alguns casos necessitam de retirada de todos os linfonodos da axila (linfadenectomia ou esvaziamento axilar).
A reconstrução mamária após a mastectomia pode ser realizada na maioria dos casos, sem prejuízo a cura. A maior parte das reconstruções é feita com expansores de tecido ou próteses de silicone. Algumas pacientes precisam de transposição de pele de outros locais do corpo, geralmente abdome ou região dorsal.
O conceito de tratamento complementar após a cirurgia (ou adjuvante) com quimioterapia, bloqueadores hormonais e radioterapia nem sempre é claro para as pacientes. Afinal, para que terapias tóxicas se todo o tumor foi retirado na cirurgia?
Na verdade, além do tumor que é visto na mama, podem existir outros focos microscópicos que podem permanecer mesmo após a cirurgia. Também existem células tumorais circulando no organismo. A radioterapia e o tratamento medicamentoso (quimioterapia, bloqueio hormonal e terapia anti-Her-2) ajudam a eliminar estes focos e melhoram o controle da doença e as chances de cura.
Resumidamente, pode ser dito que a radioterapia é feita após todos casos de quadrantectomia e alguns casos de mastectomia (tumores maiores ou mais agressivos). O bloqueio hormonal (ou hormonioterapia) é feito sempre que o tumor expressa receptores hormonais de estrógeno ou progesterona. A terapia anti-Her-2 também é feita sempre que existe a expressão desta proteína.
A maior dúvida é sobre o uso de quimioterapia. As indicações ficam restritas aos tumores de maior tamanho ou biologia desfavorável, em pacientes com boas condições clínicas. Além do tamanho do tumor e do número de linfonodos comprometidos, as informações do exame imunoistoquímico e da assinatura genética ajudam na decisão sobre a indicação de quimioterapia.
As pessoas com carcinoma metaplásico de mama detectados no início e com tratamento adequado tem chances de cura elevadas e poucos efeitos colaterais do tratamento.